2. Resposta de Deus – chamando um homem
Na primeira parte deste estudo, destacamos dois aspectos da “Missio Dei” na criação. O primeiro é o relato da criação do mundo, que representa o objetivo universal da redenção e, conseqüentemente, o mundo sendo definido como o palco da Missão. O segundo é o relato da criação do homem, seu papel como representante do Reino de Deus na terra e seu envio como semelhança de Deus no domínio do mundo. Observamos ainda que, depois do pecado, esta imagem de Deus no homem foi corrompida e por isso Adão e sua família tiveram que ser expulsos e até a natureza sofreu as conseqüências dos seus atos, cabendo a Deus, não apenas cobrir a sua vergonha presente, como prometer a restauração eterna através de Jesus – que era o seu objetivo desde o princípio. O capítulo de Gênesis 11 termina com os povos sendo dispersos pelo mundo, depois de experimentarem um novo caos, que é o surgimento de diversas línguas.
A partir do capítulo 12 de Gênesis, Deus chama Abraão para que, através dele, todas as famílias da terra fossem abençoadas (v. 1-4). Aqui, novamente a iniciativa missionária é de Deus ao tornar Abraão o referencial de bênção e de maldição para os povos, o referencial de salvação para toda a humanidade. Deus deixa de tratar com a humanidade em forma de nação, para tratar com ela através de um só homem, que daria origem à nação escolhida para ser luz para as demais, e através do qual seria abençoada cada família da terra (v. 3).
O chamado de Deus a Abraão é a continuação do projeto redentor iniciado na Promessa de Gênesis 3. Ao iniciar o seu plano para todas as famílias através de um só homem – Abraão – Deus lhe faz promessas quantitativas (Gn. 12:2) e qualitativas (Gn. 12:2-3) e lhe fala também da parte que caberia a Ele – Deus (Gn. 12:2-3; 17:4) e da parte que caberia ao homem – Abraão (Gn. 12:1; 17:9). Em Babel, os homens preferiram desprezar a ordem de Deus de se dispersar e povoar a terra; eles estavam preocupados em encontrar segurança e renome. Eles procuravam benção no trabalho de suas próprias mãos, enquanto que Abraão age de modo contrário a eles. Apesar de estar seguro e confortável em Ur, Deus o mandou sair daquela cidade e trocar sua casa por uma tenda e em troca receberia um grande nome. Deixando a segurança de sua parentela para confiar somente em Deus, ele se tornaria pai de uma grande nação e seria abençoado.
Com o chamado de Abraão aprendemos que:
1º campo: Siquém – Gn. 12:6-7
2º campo: Betel – Gn. 13.3; 28:19
3º campo: Egito – Gn. 12:10-20
b. Ele não foi perfeito como geralmente imaginamos que um missionário deva ser
1º campo: de volta a Betel – Gn. 13:3-7
2º campo: Canaã – Gn. 13:12
3º campo: Gerar – Gn. 20
A partir do versículo 4 de Gênesis 12, observamos a obediência de Abraão e o vemos saindo da sua terra, entretanto leva consigo a Ló, seu sobrinho. No capítulo 15:13-21, Deus o avisa sobre o que aconteceria aos seus descendentes; reafirma a promessa no capítulo 17 e marca o povo como sinal da promessa. Nos capítulos que se seguem, Abraão prossegue na sua peregrinação, sendo provado, enterrando a sua esposa, enviando Eliezer para trazer a esposa para Isaque e daí em diante aumentando a descendência a cada geração. Chega-se assim a José, que é vendido pelos irmãos e levado ao Egito onde foi escravo, prisioneiro e por fim governador, quando trouxe toda a sua família para aquela terra, onde se multiplicaram ainda mais, tornando-se um povo forte e numeroso (Gn. 15:18; 17:2, 4, 7, 9, 10, 11, 13, 14, 19, 21; 18:18; 22:18; 26:4; 28:14; 46:3-4; Ex. 1:1-7).
Vale ressaltar que todo o caminho percorrido por Abraão simboliza o território que seria conquistado e que pertenceria a Israel no futuro; que os altares erguidos por ele eram atos simbólicos da adoração ao Deus dos deuses por todos os povos, e que a aliança entre Deus e ele serve para entendermos que:
[…] o ‘Deus de toda a terra’ parece, à primeira vista, estar a estreitar os seus interesses privados para com a história de uma família e tribo apenas, mas na realidade nada poderia estar mais longe da verdade. Nas palavras de Groot, ‘Israel é a palavra de abertura em proclamar a salvação de Deus, não o Amém. Por um tempo, Israel, o ‘povo de Abraão’, é separado das outras nações (Ex. 19:3 ss; Dt. 7:14 ss), mas apenas para que através de Israel, Deus pudesse abrir o caminho para conseguir seus objetivos mundialmente abrangentes (Verkuyl, op. cit., p. 91-92).
Hicks vai completar a ideia de Verkuyl ao afirmar que: […] a clara intenção missionária do Todo-Poderoso vem à tona com o seu plano para abençoar todas as famílias espalhadas pela terra através de Abraão e seus descendentes. O Senhor estabeleceu este plano de aliança com Abraão (Gn. 12:1-3; 18:18-19; 22:15-18), depois confirmou-o, primeiro com Isaque (26:2-4) e, em seguida, com Jacó (28:14). Ainda mais tarde, o Senhor estendeu este propósito trazendo todo o Israel sob o pacto como o seu “especial tesouro” […], e declarando-os a serem “um reino de sacerdotes” para levarem o seu plano (Êxodo 19:4-8). (1998, p. 55).
Com Abraão aprendemos que somos chamados para uma fé única: não num programa estabelecido por nós, nem sabendo para onde vamos, mas confiando naquele que nos chamou, pois Ele saberá para onde nos levar e como conquistaremos o Seu objetivo. Assim sendo, a Missão chega ao povo hebreu, chamado para ser propriedade particular, nação santa, através da qual as bênçãos do Senho