4. Resposta de Deus: Jesus – o clímax
É em Jesus que a “Missio Dei” se torna plena e satisfeita, alcançando o seu clímax, pois observamos o próprio Deus se tornando homem (Mt. 1:23; Fp. 2:6-7; Jo. 14:8-9; 16:27-28), para convergir e reconciliar em si mesmo todas as coisas (Jo. 17; 21:22; Ef. 1:3-4), através da execução da obra redentora (Jo. 1:1-14; Jo. 14:6). Só se entende o verdadeiro sentido de Missões através de Jesus, pois Ele é o cumprimento da Promessa de Deus à humanidade no Éden (Gn. 3:15); é o cordeiro que purifica os nossos pecados (Lv. 16:5; 23:27; 25:9; Nm 5:8; 15:25-28; 29:11; Sl. 103:3; Mc. 2:7; 11:25; Lc. 5:21; Hb. 10:12) e o Messias Prometido (Is. 9:7; Mt. 1:1, 6-17; Mq. 5:2; Mt. 2:1; Os. 11:1; Mt. 2:15), o salvador do mundo dos seus pecados (Mt. 18:11; Lc. 19:10; Jo. 3:16-17; Mc. 10:45; Mt. 9:12-13; Jo. 10:11; 15-18; At. 4:12; 10:43; Lc. 5:20-25; Rm. 10:9).
Sendo a própria “Missio Dei” encarnada, Jesus começou o seu trabalho dirigindo-se aos judeus. Primeiramente, ele procurou os excluídos da sociedade: pobres, leprosos, prostitutas, cobradores de impostos, homens comuns, etc. (Mt. 4:18-20; 9:9; 10:6; 15:24; Lc. 19:10; Jo. 1:43). Por isso mesmo BOSCH afirma: “No ministério de Jesus, Deus está inaugurando o seu reinado escatológico, e o está fazendo entre as pessoas pobres, humildes e desprezadas” (BOSCH, 2002, p.47). Mas a Bíblia nos mostra que a missão de Jesus não se restringia à casa de Israel, tinha um caráter universal e mundial, isto é, deveria alcançar a todos e em todos os lugares; alguns autores dizem que ele estava formando os judeus (discípulos) para que eles pudessem cumprir o que foi proposto para a nação de Israel: de que, por meio dela, o mundo conheceria a Deus e o buscaria. Mas de uma ou de outra forma, o importante é saber que Jesus demonstra seu interesse pelo mundo em toda a sua vida: no seu nascimento (Mt. 1:21-23; Lc. 2:8-14), na sua apresentação no templo (Lc. 2:25-33), no seu batismo (Jo. 1:29-36); no seu ministério (Mt. 8:5-13; Mc. 5:1-15; 7:24-30), na sua oração sacerdotal (Jo. 17:2-3; 20) e na sua ordem, após a ressurreição (Mt. 28:18-20; Mc. 16:15; At. 1:8).
A forma mais simplificada de explicar os motivos do nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo é dizer que Ele é a própria Missio Dei revelada para toda a humanidade (Ef. 3:3-6), isto é, ele veio oferecer ao homem a oportunidade de voltar para a comunhão perdida (Gn. 2:15 -17; Jo. 14:6; Rm. 5:1; Hb. 9:22), uma vez que, tanto no Éden (Gn. 3:21), como na Lei (Ex. 20:2-17), Deus havia providenciado uma maneira provisória e temporária para que as pessoas fossem consideradas “cobertas”, “sem pecado” ou “retas” diante dos Seus olhos. Temos em Cristo Jesus o sacrifício definitivo e perfeito (Hb. 10:10; Cl. 1:22; 1 Pe. 1:19), com o propósito final de que todos pudessem alcançá-Lo através da fé (Gl. 3:22; Ef. 2:8-9). Deus demonstrou que aceitou o sacrifício de Cristo como final e completo, ressuscitando-O dos mortos e assentando-O à sua destra. Leia I Co. 15:1-4, 2 Co. 5:21, 1 Pe. 2:24, Is. 53:5, Rm. 5:6-9, At. 4:10-12, 5:31, 17:31.
Os Evangelhos apresentam os acontecimentos da vida de Jesus como modelo a ser seguido para se alcançar a salvação. Além disso, apresentam também os seus ensinamentos que tratavam do caráter dos discípulos (o Sermão do Monte), da natureza e centralidade do Reino e da graça de Deus (as parábolas), da importância do arrependimento, do negar-se a si mesmo, carregar a cruz e seguir a Jesus para alcançar a vida, etc. Seu método foi o da prática, enviando os discípulos para anunciar a proximidade do Reino, expulsar demônios, curar enfermos e viver pela fé. Ele tratou ainda de temas ocasionais como o divórcio, a humildade (quando lavou os pés dos discípulos), a vinda e missão do Espírito Santo e, por fim, a grande comissão. Por isso Ele afirmou em Atos 1:8: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Aqui, Jesus está impulsionando o movimento missionário da Igreja, que passa a ser a responsável para a realização da Missio Dei. Observa-se, então, que aqui começa a ação missionária da Igreja.