1) uma mudança de natureza física – Na natureza física, o homem é mortal; ele está sujeito à morte. Ele necessita ser transformado para a imortalidade. A mudança física na natureza do homem da mortalidade para a imortalidade ocorrerá quando Jesus vier.
2) uma mudança na sua posição diante de Deus – Quanto à sua posição diante de Deus, o homem é um pecador, ele está debaixo de condenação e da ira. Ao invés de estar “no mundo”, ele necessita se colocar diante de Deus “em Cristo”. Sua mudança na posição legal diante de Deus ocorre na conversão. Deus ergue o pecador para fora do mundo e o coloca em Cristo quando ele aceita a salvação provida por Deus.
3) uma mudança de caráter – Em caráter ou na natureza interior, o homem é pecaminoso, ele é governado por si mesmo, pela mente carnal, pela carne ou pelo velho homem. Ao invés de ser dominado por si mesmo, ele necessita ser direcionado por Cristo através do Seu Espírito. O homem experimenta uma mudança no caráter quando ele se rende ao domínio de Cristo e permite que Ele seja uma influência dominante em sua vida.
4) uma mudança na conduta – Na conduta ou ações, o homem peca, ele produz os frutos da carne. Em lugar de cometer pecados, ele necessita viver em retidão e estar cheio do fruto do Espírito. A mudança na conduta do homem resulta de mudança em seu caráter. Quando o caráter é governado por Cristo através do Seu poder, a conduta será o fruto do Espírito ou da justiça outorgada por Cristo.
Agostinho, no século V d.C. ensinou que “… o crente nunca poderia perder a salvação.Uma vez salvo, permanece salvo por toda a vida, independente das suas ações ou atitudes”. Esta declaração foi a causa do início do debate que persiste até a atualidade sobre a salvação.
Acreditamos que sim, é possível perder a salvação. Apoiamos esta ideia nas evidências bíblicas. Um dos maiores argumentos bíblicos segundo o qual se pode perder a salvação é a menção da condicional “se”, presente em muitas citações associada a expressões como “permanecer em Cristo”, “continuar na fé”, “andar na luz”, “não retroceder”, etc. (Jo.15.6; Cl.1.23; I Co.15.2; Hb.2.3; Hb.3.14; Hb.10.38; I Jo.1.7).
A discussão sobre a possibilidade ou não de se perder a salvação deu origem a questionamentos sobre a eleição e a predestinação mencionados na Bíblia.
Conclusão
A doutrina da salvação é, sem dúvidas, uma das mais importantes para o crente. Nela aprendemos os aspectos que envolvem a salvação, bem como a maneira como alcançá-la. Sem esse conhecimento seria difícil manter viva a esperança do cristão de todos os tempos.
I. Doutrina de Jesus Cristo ou Cristologia
A Cristologia é uma das disciplinas fundamentais da Teologia Sistemática. Os teólogos normalmente subdividem o estudo da Cristologia em duas partes: a Pessoa de Cristo (ontologia: quem ele é) e a obra de Cristo (função: o que ele faz). Essas duas nunca devem ser separadas, mas devem ser distinguidas. E começaremos estudando a Pessoa de Cristo; e após a obra de Cristo.
O cristianismo é a atitude do amor de Deus em buscar o homem perdido. (Jo 3.16)
É, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança. O Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, nascido de mulher, para tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna. (Gl 4.4; Jo 1.14; 2 Co 5.18,19).
Com a morte dos apóstolos não demorou, para que a Igreja se sentisse ameaçada pelas várias doutrinas que surgiam a respeito de Jesus Cristo. Até o Concílio de Calcedônia surgiram algumas doutrinas que sacrificavam a divindade em detrimento da humanidade, como:
Ebionitas: Surgiram no inicio do segundo século. O nome Ebionitas é derivado de uma palavra hebraica que significa pobres e indigentes. Eram judeus crentes que não conseguiam deixar as cerimônias do Judaísmo. Eram um tipo de sucessores dos judaizantes do tempo de Paulo. Na busca de defender o monoteísmo negavam a divindade de Cristo. Eles o consideravam como um simples homem, filho de José e Maria, qualificado em seu batismo para ser o Messias, pela descida do Espírito Santo sobre Ele. Quando recebeu o Espírito Santo conscientizou-se de que era o messias. Afirmavam que era necessário obedecer todos os mandamentos da Lei de Moisés, inclusive a circuncisão. Obs. Esta é do Unitarianismo, e de alguns liberais e teólogos da libertação de hoje.
Alogianos: Rejeitavam os escritos de João por que entendiam que sua doutrina do logo estava em conflito, com o restante do Novo Testamento. Acreditavam que o Evangelho de João e o Apocalipse tivessem sido escrito por Cerinto, fundador da escola gnóstica. Também viam em Jesus apenas um homem, nascido miraculosamente de uma virgem e que no batismo recebera o espírito do Cristo, recebendo poder sobrenaturais. Surgiram por volta do ano 200 d.C.
Monarquismo: Enfatizavam a unidade absoluta de Deus, que conflitava com a doutrina da trindade, que vê Deus em uma unidade composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Dividia-se em Monarquismo Dinâmico e Modalista.
Monarquistas Dinâmicos: Acreditam de maneira muito semelhante aos alogianos, Jesus se tornou o Cristo após o batismo, ao se tornar habitação do Cristo. Paulo de Samosata era seu principal representante. Para eles Jesus nasceu de José e Maria. Deste movimento surge o adocionismo.
Adocionismo: Jesus teria sido adotado por Deus. Somente se tornou Deus após a ressurreição.
Modalista: surgiu no terceiro século, conhecido como “sabelianismo” (Sabélio) concebia as três pessoas da trindade como os três modos pelos quais Deus se manifestava aos homens.
Por outro lado havia aqueles que sacrificavam a humanidade em detrimento da divindade, como:
Gnosticismo:Originou-se provavelmente na Ásia Menor entre os anos de 135-200 d.C.. Estes foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta ao espírito. Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria que para eles era má. Havia porem três tipos de gnósticos.
1. negavam a realidade do corpo humano de Jesus. Eram chamados de Docetas (de dokeo, ‘’parecer’’).
2. os que afirmavam que Jesus tinha um corpo real, mas este corpo embora real, não era material.
3. os que afirmavam que Jesus e Cristo eram duas pessoas distintas. Jesus era um homem comum, filho de José e Maria e Cristo era um espírito que desceu sobre o homem Jesus por ocasião de Seu batismo; e na hora da crucificação, o Cristo deixou o homem Jesus a sofrer sozinho.
Escola dos Alexandrinos: Defenderam a divindade de Cristo, e na busca de se colocarem em oposição aos gnósticos, criaram a concepção de Cristo como subordinado ao Pai. Interpretavam a Bíblia através do método alegórico. Seus principais representantes foram Clemente e seu discípulo Orígenes. Foi ele que criou a ideia da subordinação quanto à essência. Tertuliano também defendeu a ideia de Cristo estar subordinado ao Pai, neste sentido ser um pouco menor que Deus.
Arianismo: Partindo do princípio de Orígenes fez distinção entre Cristo e o Logos como a razão divina. Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, e todavia, mais que um homem. Em outras palavras: Jesus é Deus, mas não igual ao Pai. Ário (256-336), Presbítero de Alexandria, ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno. Eles usavam a linguagem ortodoxa, mesmo que não acreditassem na divindade de Cristo. “Houve um tempo quando Cristo não era”; esta era a afirmação deles. Atanásio contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi oficialmente adotada pelo Concílio de Nicéia, em 325. As Testemunhas de Jeová, Mórmons, são os modernos arianos.
Eutiquianismo: Acreditava que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela divina, ou que as duas se fundiram resultando numa só natureza (uma terceira natureza), posição que para muitos era a negação das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses conceitos e manteve a crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas.
A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. Até o século XIX não houve grandes mudanças na doutrina da pessoa de Cristo. A Reforma não contribuiu muito com relação a essa doutrina.
No século XIX deu-se grande mudança no estudo da pessoa de Cristo. Até àquele tempo, o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a Cristologia resultante era teocêntrica, mas durante a última parte do século dezoito houve crescente convicção de que se alcançariam melhores resultados partindo de algo mais próximo, a saber do estudo do Jesus histórico. Assim foi introduzido o “segundo período Cristológico”. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi antropecêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a fé cristã. O Cristo sobrenatural deu lugar a um Jesus humano; e a doutrina das duas naturezas deu lugar para a doutrina de um homem divino.
Embora a palavra não ocorra de maneira explicita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana.
O nascimento virginal de Cristo é uma das doutrinas bíblicas fundamentais à fé cristã. Desde as primeiras décadas da história da igreja esta doutrina é sustentada e ensinada pelos Apóstolos e Pais da igreja.
Jesus possuía um corpo humano: (Lc 2.7, 40).
Jesus possuía uma mente humana: (Lc 2.52; Hb 5.8).
Jesus possuía alma humana e emoções humanas: (Jo 12.27; Jo 13.21)
As pessoas próximas de Jesus consideravam-no apenas humano: (Mt 4.23-25; Mt 13.53-58).
Impecabilidade: (Lc 4.2; Hb 4.15; Tg 1.13).
Para completar o ensino bíblico acerca de Jesus Cristo, precisamos declarar não só que ele era plenamente humano, mas também plenamente divino.
Provada na sua preexistência: (Jo 8.58; Ap 22.13).
Provada pelo A.T. Mq 5.2; Is 9.6.
Provada pelo N.T. Jo 1.1, em comparação com o versículo 14; Jo 8.58; I Pe 1.20
Provada por obra na criação. I Co 8.6; Cl 1.16.
Provada por aparições. (Gn 48.16; Êx 3.2,4; Jz 13.18; Gn 18.1-2)
Sinais de que Jesus possuía atributos de divindade:
Onipotência – (Mt 8.26-27; Mt 14.19;Jo 2.1-11; Mt 28.18). Jesus fez milagres em seu próprio nome e poder (Mt 9.6)
Onisciência – (Mc 2.8; Jo 1.48; Jo 6.64; Jo 1.48).
Onipresença – (Mt 18.20; Jo 3.13).
Eterno (Jo 1.4; 5.26) –(Jo 2.19; Jo 10.17,18).
Sua igualdade na Trindade: Com o Pai (Jo 14.23; 10.30). Com o Pai e o Espírito Santo (Mt 28.19; II Co 13.13).
A importância da divindade de Cristo para nossa salvação:
• Só alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a pena de todos os pecados de todos os que cressem nele
• A salvação vem do Senhor (Jn 2.9 ), e toda a mensagem das Escrituras é moldada para mostrar que nenhum ser humano, nenhuma criatura, jamais conseguiria salvar o homem — só Deus mesmo poderia;
• Só alguém que fosse verdadeira e plenamente Deus poderia ser o mediador entre Deus e homem (1Tm 2.5), tanto para nos levar de volta a Deus como também para revelar Deus de maneira mais completa a nós (Jo 14.9).
“O fato de o Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno tornar-se homem e unir-se para sempre a uma natureza humana, de modo que o Deus infinito se tornasse uma só pessoa com o homem finito, permanecerá pela eternidade como o mais profundo milagre e o mais profundo mistério em todo o universo”. (Wayne Gruden)
Foi pré-determinada: A morte de Cristo não foi um acidente, já estava pré-determinada. Sendo que não há surpresas para Deus, tudo estava determinado no designo de Deus (Atos 2.23). Deus já havia prometido que o descendente da mulher seria ferido pela serpente (Gn. 3.15) O cordeiro foi morto antes da fundação do mundo (Ap. 13.8; 1 Pe. 1.18-20).
Foi voluntária: É certo que Jesus foi morto pelos sacerdotes e autoridades judaicas e romanas; mas Ele se entregou para que tal coisa pudesse acontecer (Mt 26.53; Lc 22.53). Ninguém, ou nem uma instituição por sua própria força o crucificaram, antes Ele se entregou (Jo 10.17,18). Ele veio com este propósito, Ele morreu sob acordo de Sua própria vontade e determinação.
Foi vicária: Cristo morreu em lugar de outros, sua morte foi vicária, isso é, em substituição – ‘’O justo pelos injustos’’ (I Pe 3.18, I Co 15.3; 29. Rm 4.45). Muito embora a morte dos animais nos sacrifícios da Antiga Aliança não tinha significado real, mas simbólico, ela nos ensina esta verdade. Quando o pecador colocava as mãos sobre a cabeça do animal que ia ser sacrificado, simbolizava a morte vicária de Cristo em nosso lugar. (Nm 1.4)
Foi sacrificial: A morte de Cristo foi sacrificial eficaz pelo mundo inteiro. Assim como em Adão todos pecaram, em Cristo, no seu sacrifício todos podem ter a justificação mediante a fé nEle. (Rm 5.15; 5.19-21). A Sua morte foi aceita pelo Pai como oferta pelo pecado da posteridade de Adão (Hb 10.5-10). Ele provou a morte a favor de todo homem, e ‘’a si mesmo se deu em resgate por todos’’, e é Salvador de todos os homens. (I Tm 2.6)
Foi expiatória: Expiação é sinônimo de reconciliação, apaziguar, satisfazer. Este significado da morte de Cristo esta figurado no trabalho do Sumo sacerdote da Antiga Aliança, que no Dia da Expiação entrava no Santos dos Santos com o sangue do animal sacrificado (Nm 16). Cristo entrou no santuário celeste para nos tornar aceito a Deus (Hb. 9.23-26). Ele mesmo se fez ‘’maldição em nosso lugar’’ (Gl 3.13). Jesus removeu a culpa e nos reconciliou com Deus, sendo Ele também providência de Deus o Pai (II Co 5.18,19).
Foi propiciatória: O termo propiciação significa cobrir, ou tornar favorável. Propiciação não quer dizer que foi um ato para aplacar a um Deus vingativo. Mas sim que Deus nos amou, enviou e aceitou o sacrifício de Seu Filho como propiciação pelos nossos pelos nossos pecados (I Jo 4.10) O propiciatório no Dia da Expiação era aspergido com o sangue simbolizado que a sentença justa da lei havia sido imposta; pelo que no lugar que de outro modo seria um lugar de julgamento, podia com justiça ser propiciatório. (Nm 16.14,15).
Foi redentora: O termo nos sugere resgate por meio de pagamento. É exatamente isso que diz o texto de I Pe 1.18,19. O objeto da redenção, os pecadores; estavam vendidos a ‘’escravidão do pecado’’ e também sob sentença de morte, e o preço pago pelo resgate foi o sangue de Cristo (Rm 7.14; Ez 18.4; Jo 3.18,19; Mt 20.28). Mas a que foi pago o preço? Não pode ser a satanás, como alguns acham, pois ele nada mais é que usurpador; as almas pertencem a Deus (Ez 18.4).
Foi substitutiva: a morte de Cristo foi substitutiva, ou seja, no lugar de outros. De fato o ensino da Escrituras é este, que Cristo padeceu e morreu em nosso lugar (Is 53.4-8). Cristo não apenas se submeteu a ser tratado como oferta pelo pecado, mas a ser feito pecado por nós. E isso não foi apenas encenação, mas realidade; de tal forma que, quando, as nossas iniquidades caíram sobre Ele, o Pai não pode suportar; e Jesus clamou: Eli, Eli, lamá sabactani (Mt 27.46).
8. A Ressurreição de cristo
Evidências do Novo Testamento: Os evangelhos contêm testemunho abundante da ressurreição de Cristo (veja Mt 28.1-20; Mc 16.1-8; Lc 24.1-53; Jo 20.1-21.25). Além dessas narrativas detalhadas nos quatro evangelhos, o livro de Atos é um relato histórico da proclamação que os apóstolos fizeram da ressurreição de Cristo, da contínua oração a ele dirigida e da confiança nele como aquele que está vivo e reinando no céu.
A natureza da ressurreição de Cristo: A ressurreição de Cristo não foi simplesmente um retorno da morte, à semelhança daquela experimentada por outros antes dele, como Lázaro (Jo 11.1-44), porque senão Jesus teria se submetido à fraqueza e ao envelhecimento, e por fim teria morrido outra vez, exatamente como todos os outros seres humanos morrem.
O Pai e o Filho participaram na ressurreição: Alguns textos afirmam especificamente que Deus Pai ressuscitou Cristo dentre os mortos (At 2.24; Rm 6.4; 1 Co 6.14; Gl 1.1; Ef 1.20; Jo 10.17-18)