Angeologia ou Doutrina dos Anjos é o estudo dos agentes especiais, criados para demonstrar a providência de Deus. É uma das mais difíceis doutrinas encontradas nas Escrituras Sagradas e por isso mesmo negligenciada por muitos. Contudo, tem uma relevante importância para a Igreja de Cristo, pois o não entendimento, ou a falta de estudo, sobre sua natureza e atividades, tem ocasionado o surgimento de muitas seitas, heresias e credos, distintos e distantes da verdadeira doutrina bíblica.
O termo anjo da língua portuguesa tem origem na palavra latina angelu, que por sua vez se deriva do termo aggelov (aggelos) do grego. Em hebreu, a palavra traduzida como anjo é K)lm (mal’ak) e ocorre 214 vezes no Antigo Testamento, Já no Novo Testamento a palavra aggelos ocorre 188 vezes, sendo que ambas têm o significado de mensageiro, representante, enviado ou embaixador.
Entre os aspectos de Negligencia da Doutrina dos Anjos, temos:
Os anjos são:
a. Criaturas, isto é, foram criados. (Jó 38.4-7, Gn 1.1; 2.1), e se rebelaram sob o comando de Satanás. Essa rebelião dividiu estes seres em dois grupos —anjos bons e anjos maus.
b. Espíritos (Hb 1.14). São descritos como espíritos, porque não estão limitados às condições naturais e físicas como os humanos. Aparecem e desaparecem à vontade, e movimentam-se com uma rapidez descomunal sem usar meios naturais. Apesar de serem puramente espíritos, portanto invisíveis (Gn 18.19; Sl 104.4; Hb 1.7; Ef 6.2; Mt 8.16; 12.45; Lc 7.21; Ap 16.14), podem assumir a forma humana a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem. (Gn 19.1-3; 1Rs 19.5; Mt 28.1-3).
c. Imortais, ou seja, não estão sujeitos à morte e à dissolução causada por ela. Em Lc 20:34-36, Jesus explica aos saduceus que os santos ressuscitados serão como os anjos no sentido de que não podem mais morrer. Os anjos são isentos da morte, (Lc.20.35-36), mas não são eternos (Ne 9.6; cf. Sl 148.2, 5; Cl 1.16; Jo 1.3)
d. Numerosos. A Bíblia nos ensina que eles são “Milhares de milhares, e milhões de milhões” (Dn 7.10). “Mais de doze legiões de anjos” (Mt 26.53). “Multidão dos exércitos celestiais” (Lc 2.13). “E aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22).
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e. Sem sexo. Os anjos são descritos como varões (Dn 8.16,17; Lc 1.12,29-30; Ap 12.7; 20.1; 22.8-9), porém na realidade não têm sexo; não se reproduzem (Lc 20.34, 35). O próprio Jesus disse que eles não se casam (Mt 22.30).
Eles foram criados para louvar e glorificar continuamente a Deus (Jó 38.7; SI 103.20; 148.2; Ap 5.11,12; 7.11; 8.1-4). Essa atividade é realizada na presença de Deus, mas em pelo menos uma ocasião aconteceu na terra (Lc 2.13,14).
O ARCANJO foi criado para: A Proteção de Israel (Dn 12:1); Lutar contra Satanás (Jd 9; Ap 12.7); Anunciar a Vinda de Cristo (1Ts 4.16).
OS QUERUBINS foram criados para: Guardarem o trono de Deus (Ez 10.1-4)
OS SERAFINS se preocupam com a adoração a Deus diante o Seu Santo Trono (Is 6.2-7); Eles assistem a Deus em sua obra Soberana (Cl 1.16 e 2.10; Ef 1.21 e 3.10); Eles revelam e comunicam a mensagem de Deus para os homens. Essa atividade está mais de acordo com o significado da palavra anjo. Os anjos estavam particularmente envolvidos na mediação das leis (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2).
– O Novo Testamento os apresenta com frequência como portadores das mensagens de Deus. Gabriel aparece para Zacarias (Lc 1.13-20) e Maria (Lc.1.26-38); falam com Filipe (At 8.26), Cornélio (At 10.3-7), Pedro (At 11.13; 12.7-11) e Paulo (At 27.23); fortalecem o povo de Deus física e mentalmente. (Jesus – Lc 22.43; Daniel Dn 10.16-18; Elias 1Rs 19.5-8); orientam os crentes, principalmente na evangelização. (At 8.26, 10.3-7) e às vezes os anjos impedem pessoas sem juízo de continuar no caminho errado (Nm 22.21-28).
– Os anjos ministram aos crentes o que inclui sua proteção. (At 5.19; 12.6-11; SI 34.7; 91.11). Entretanto, o maior ministério é no suprimento de necessidades espirituais. Além disso, têm grande interesse na batalha espiritual dos crentes, regozijando-se em sua conversão (Lc.15.10); servindo-os em suas necessidades (Hb 1.14); estão presentes na igreja (1Co 11.10) e até na morte os crentes são transportados pelos anjos para um lugar de bênçãos (Lc 16.22).
– Os anjos executam julgamento sobre os inimigos de Deus (2Rs.19.35; 2Sm 24.26). Foi um anjo do Senhor que matou Herodes (At 12.23). O livro de Apocalipse está cheio de profecias a respeito do julgamento que será efetuado pelos anjos (8.6-9.21; 16.1-17; 19.11-14).
– Os anjos executam os castigos de Deus (Gn 19.13).
Deus responde as orações através dos anjos (Dn 10.12; Lc 22.42-43; At 12.5,7).
Os anjos possuem caráter próprio, tanto é que um grupo deles escolheram se rebelar contra o criador. Mas aqueles que permaneceram fiéis tem características que valem a pena observar:
(a) São Obedientes. (Mt 6.10; Sl 103.20; Jd 6; 1Pd 3.22).
(b) São Reverentes. (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6)
(c) São Sábios. (2Sm 14.17; 1Rs 8.39; 1Pd 1.12).
(d) São Mansos. (2Pd 2.11; Jd 9)
(e) São Poderosos. (Sl 103.20; 2Pd 2.11; Sl 8.5; Hb 2.10; 2Ts 1.7; 2Sm 24.16,17; At 5.19; 12.7,23; Mt 28.2.
(f) São Santos. (Ap 14.10).
(g) São Velozes. (Mt 26.53).
Os anjos são seres criados para servir a Deus. Eles
(a) São Agentes de Deus. São mencionados como os executores dos pronunciamentos de Deus. (Gn 3.24; Nm 22.22-27; Mt 13.39,41,49; 16.27; 24.31; Mc 13.27; Gn 19.1; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; At 12.23)
(b) São Mensageiros de Deus. (Anjo significa literalmente “mensageiro”.) Através dos anjos, Deus:
(1) Anuncia (Lc 1.11-20; Mt 1.20, 21).
(2) Adverte (Mt 2.13; Hb 2.2).
(3) Instrui (Mt 28.2-6; At 10.3; Dn 4.13-17).
(4) Encoraja (At 27.23; Gn 28.12).
(5) Revela (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2; Dn 9.21-27; Ap 1.1).
(c) São Servos de Deus. (Hb 1.14). Os anjos são enviados para sustentar (Mt 4.11; Lc 22.43; 1Rs 19.5); para preservar (Gn 16.7; 24.7; Ex 23.20; Ap 7.1); para resgatar (Nm 20.16; Sl 34.7; 91.11; Is 63.9; Dn 6.22; Gn 48.16; Mt 26.53); para interceder (Zc 1.12; Ap 8.3,4); para servir aos justos depois da morte (Lc 16.22).
Satanás procurou contagiar os primeiros homens com o seu orgulho. (Gn 3:5; Is. 14:14). Demonstrando que continua com o mesmo desejo de ser adorado (Mt 4.9) como “deus deste mundo” (2Co 4.4). Esta ambição será temporariamente satisfeita quando ele encarnar o anticristo. (Ap 13.4). Ele recebeu o castigo por sua maldade, quando foi lançado fora do céu, juntamente com um grupo de anjos que ele alistou em sua rebelião. (Mt 25.41; Ap 12.7; Ef 2.2; Mt 12.24). No Edén, procurou ganhar Eva como sua aliada; porém, Deus frustrou o plano e disse: “Porei inimizade entre ti e a mulher” (Gn 3.15).
4. Seu destino. Desde o princípio Deus predisse e decretou a derrota do Diabo (Gn 3.15). A carreira de Satanás está em declínio sempre: foi expulso do céu; durante a Tribulação será lançado da esfera celeste à terra (Ap 12.9); durante o Milênio será aprisionado no abismo, e depois de mil anos, será lançado ao lago de fogo (Ap 20.10).
Existem diversas teorias sobre quem são os demônios e de onde eles vêm. Vimos que os anjos são uma ordem criada de espíritos de vários tipos (Cl 1.16). Também vimos que houve uma rebelião e um grande número de anjos se juntaram ao líder rebelde (Ap 12.4). Assim, podemos dizer que os demônios vêm dos anjos caídos que se rebelaram contra Deus, junto com Satanás. Em Lucas 10.1 7-18, Cristo disse que viu Satanás caindo do céu. Por último, em Ap 12.7 vemos Satanás e seus anjos lutando contra Miguel e os seus anjos e sendo derrotados.
A Bíblia ensina claramente que o caráter dos demônios e o que eles fazem é maligno. Satanás é o chefe deles (Mt 12.24-26). Assim podemos considerar que:
1. Anjos decaídos. Sob a direção de Satanás, eles pecaram e foram lançados fora do céu. (Jo 8.44; 2Pe 2.4;
Enganando os homens por meio do pecado, exercem grande poder sobre eles (2Co 4.3, 4; Ef 2.2; 6.11,12). Os anjos não são contemplados no plano da redenção (1Pe 1.12), mas o inferno foi preparado para o eterno castigo dos anjos maus (Mt 25.41).
2. Demônios. As Escrituras dão testemunho da sua existência e de sua operação. (Mt 12.26,27) Nos Evangelhos aparecem como os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das quais se diz que tem demônio. (Mr 16.9; Lc 8.2).
Jesus fala dos espíritos maus andando por lugares áridos buscando especialmente descanso nos corpos das vítimas. Quando privados de um lugar de descanso nos corpos humanos, são representados como buscando-o no corpo dos animais inferiores. (Mt 12.3-5).
A Bíblia tem muito a dizer sobre a atividade dos demônios. Um livro inteiro poderia ser escrito sobre esse assunto. Aqui iremos apresentar resumidamente os tipos de atividades dos demônios.
Tipos de atividade demoníaca
1. Engano. Provavelmente a atividade dos demônios mais difundida no mundo seja a de mentir e enganar pessoas. As atividades dos demônios são iguais às de Satanás. Jesus disse que Satanás era o pai da mentira (Jo 8.44). Por isso os demônios também mentem e persuadem as pessoas a acreditar nas mentiras. Eles podem fazer isso do mesmo modo que as pessoas dão aos outros impressões verdadeiras ou falsas. Quando os demônios fazem vir idéias falsas ou mentiras à nossa mente, provavelmente pensamos que a ideia veio de nós mesmos. Quase nunca percebemos que a sugestão veio de fora da nossa mente. Por causa disso a Bíblia nos adverte a “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5).
Algumas mentiras demoníacas são dirigidas para um grupo grande de pessoas, como os ensinos das religiões falsas. A Bíblia diz que os demônios promovem ensinos falsos (1Tm 4.1). Muitas pessoas têm sido enganadas pelas falsas ideias da religião tradicional e por falsos profetas que afirmam falar da parte de Deus. De acordo com 1Rs 22.22, o engano transmitido por falsos profetas pode vir de espíritos mentirosos. Um aspecto específico das religiões falsas em muitos lugares do mundo é a crença nos espíritos dos ancestrais. Esses espíritos mentem para enganar as pessoas, porque Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44).
2. Assassinato. Jesus disse que Satanás é assassino (Jo 8.44). Por isso devemos esperar que os demônios causem violência, dano físico e morte, quando podem executar seus desejos. É de se perguntar quantos crimes de assassinato e guerras tribais, religiosas e nacionais já foram perpetrados na história por sugestão dos demônios na mente das pessoas. Nos evangelhos vemos o endemoninhado geraseno cortando-se com pedras (Mc 5.5). Vemos também um demônio tentando matar um menino possesso, jogando-o no fogo ou na água (Mc 9.22). Em Jó, Satanás ou alguns dos seus demônios causaram uma violenta tempestade, matando os dez filhos de Jó (Jó 1.12,19).
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3. Tortura. Além da morte, os demônios podem torturar as pessoas com deficiências como cegueira, surdez (Mt 12.22), deformidades (Lc 13.11-17) e doenças físicas (Jó 2.7; At 10.38) e mentais (Lc 8.27-29). Quantas pessoas nos hospitais psiquiátricos hoje em dia sofrem de loucura demoníaca? Quantas sofrem de amargura, ressentimento, depressão, raiva de Deus e outras formas de tortura mental, porque creem e obedecem as mentiras dos demônios, em vez de crer e obedecer a verdade de Deus?
4. Impureza e Violência Sexual. Os espíritos maus na Bíblia muitas vezes são chamados de espíritos impuros. A palavra grega usada para impuro, akathartos, indica a impureza cerimonial (ritual) ou no sentido moral, de ser maligno, sexualmente impuro ou depravado. No Novo Testamento, a palavra é usada principalmente para descrever demônios (Mt 10.1; Mc 1.23; 7.25; Ef 5.5). Em Apocalipse 17.4, uma palavra grega da mesma raiz, akathartees, é usada especificamente para impureza sexual com referência a adultério. Sexo imoral e violência depravada geralmente ocorrem juntos, como no crime de estupro. Violência e sexo imoral muitas vezes são vistos juntos nos filmes da indústria cinematográfica. Esses fatos indicam a presença de demônios impuros.
5. Influência sobre os Governos. Pelos títulos dados aos anjos caídos em Daniel 10.12-21 fica claro que os demônios tentam influenciar e até controlar os governos humanos com propósitos malignos (Ap 16.14). A Bíblia diz: “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2Co 4.4). Esta provavelmente é uma razão importante da ordem específica de orarmos pelos líderes dos governos (1Tm 2.2). As orações do povo de Deus ajudam a libertar a mente desses líderes da influência forte de Satanás e dos demônios.
6. Impedimentos à expansão do Evangelho. Em Tessalonicenses 2.18 Paulo revelou que Satanás efetivamente o impediu de ir em uma viagem que pretendia fazer pela causa de Cristo. Não é preciso estar muito tempo ativo no trabalho do evangelho para constatar que se enfrenta oposição séria de espíritos maus (Ef 6.12). .
7. Empecilhos à oração. Uma das maneiras mais importantes em que os demônios atrapalham os servos de Deus é impedindo ou atrasando respostas às suas orações. Os demônios se opõe fortemente à oração, pois esta causará a sua queda. Lembre de como o anjo mau atrasou a resposta à oração de Daniel em Daniel 10.12-13, e como os apóstolos continuaram adormecendo depois que Jesus lhes pediu que orassem com ele no jardim do Getsêmani (Mt 26.38-43).
8. Perseguição geral do povo de Deus. Os demônios se concentram em perseguir, atormentar, perturbar, frustrar e desanimar o povo de Deus onde podem. Paulo revelou que um mensageiro de Satanás era a causa do seu desânimo em 2Co 12.7. Jesus disse que Satanás exigiu peneirar Pedro como o trigo (Lc 22.31).
9. Promoção de idolatria, feitiçaria e diversas práticas pagãs e ocultas. De acordo com a Escritura, a idolatria está diretamente ligada à influência demoníaca (SI 106.35-37). A Bíblia indica que os demônios incentivam as pessoas a participar das várias práticas não cristãs, como os sacrifícios tradicionais, comunicação com os mortos, adivinhação, feitiçaria e muitas outras coisas (Dt 18.9-12; 32.16-17; 1Sm 15.23; Ap 18.2).
10. Produção de acontecimentos estranhos e milagres ilusórios. Pessoas possuídas por espíritos têm realizado feitos impossíveis de força sem dano para si, como dobrar barras de ferro ou andar sobre brasas sem se queimar. A Bíblia revela que Satanás e seus demônios têm poder para realizar milagres enganosos (2Ts 2.9; Ap 16.13-14). .
11. Acusação e difamação dos cristãos diante de Deus. Satanás está empenhado em acusar e difamar os cristãos diante de Deus (Ap 12.10), e é bem provável que os demônios o ajudem nisto, talvez reunindo informações para fundamentar as acusações contra os eleitos de Deus (Rm 8.33,38-39).
Os anjos poderão ter dois destinos diferentes: Os anjos bons, que estão a serviço de Deus e continuaram fiéis a Ele, continuarão servindo a Deus por toda a Eternidade (Ap 21.1,2,12). Já os anjos maus, que preferiram se aliar a Satanás, terão a sua parte no lago de fogo (gehenna) Mt 25.41; 1Co 6.3.